domingo, 25 de outubro de 2009

Medo de Amar

Medo de amar

(Péricles Cavalcanti)

Você diz que eu te assusto
Você diz que eu te desvio
Também diz que eu sou um bruto
E me chama de vadio
***
Você diz que eu te desprezo
Que eu me comporto muito mal
Também diz que eu nunca rezo
Ainda me chama de animal
***
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo, é do amor
Que você guarda para mim
***
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
Você tem medo, é de você
Você tem medo, é de querer
***
Você diz que eu sou demente
Que eu não tenho salvação
Você diz que eu, simplesmente,
Sou carente de razão
***
Você diz que eu te envergonho
Também diz que eu sou cruel
Que no teatro do teu sonho
Para mim não tem papel
***
Você não tem medo de mim...
Você não tem medo de mim
Você não tem medo de mim
***
Você tem medo, é de você
Você tem medo, é de querer
Me amar

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

As Duas Rosas


As Duas Rosas
Castro Alves

São duas rosas unidas,
São duas flores nascidas
Talvez no mesmo arrebol.
Vivendo no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
***

Vivendo... bem como as penas
Das duas asas pequenas
De um passarinho no céu.
Como um casal de rolinhas
como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
***

Vivendo, bem como os prantos
Que em parelhas descem tantos
Das profundezas do olhar.
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
***

Vivendo... ai, quem pudera,
Numa eterna primavera,
Viver qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor.

***

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Um só corpo... Um só espírito - 11/2008


Quero em seus braços estar,
Sentir tua boca, teu olhar;
Enlouquecer de tanto prazer,
Profundo, perfeito, infame...
Perder-me em devaneios
de amor mais vil,
meus algozes meus desejos,
meu amor mais perfeito,
que na terra existiu.
Sinto fugir meus pensamentos,
me perco nas profundezas
do total desespero...
Sinto faltar meus desejos,
onde foram...
Não os vejo...
Meus desejos...
Quem me dera fosse verdade,
minhas mãos acariciar-te,
quão profundo meus sentidos...
Guardo-me pra ti somente
penso incessantemente...
São tantos tormentos na alma,
Tão profundas minhas mágoas,
minha total desventura...
Queria eu em teus braços estar,
ver-te despido, não mais te deixar...
E em teus lábios me confortar.
Peste finda meus dias,
meu amor, minha algia,
de não poder te tocar...
Paixões proibidas, que destino,
não te ter é destino...
Queria não mais existir,
a ter que te perder para mundo.
Aguardo o dia chegar
que lhe encontrarei a vagara, a me buscar...
Sertaneja, canção,
que me invade o coração...
Meu total infortúnio.
Queria não mais existir
ao ver-te partir, por entre as nuvens e o mar...
Desejo, mas não compreendo,
quão triste meu tormento
quanta desilusão.
Tocar-te somente em verdadede
encontrar-te por piedade...
Nem sei mais quem sou...
Onde andas, meu amor...
Partiu, triste decepção...
Queria não mais existir,
se existo não sou feliz...
Meu Deus que ilusão...
Nunca serei mais a mesma...
Estarei à espera da verdadeira faceta
de uma vida entregue a amar-te.
Aguardo os dias passarem,
pra te encontrar na verdade,
onde habita nosso amor.
Embaixo de brancas nuvens,
seremos eu e você de
encontro a uma só alma,
um só espírito,
pois é o que somos acredite...
Procuro-te intensamente
sei que me buscas loucamente.
Em breve seremos só um:
EU e VOCÊ,
em um só espírito,
em uma só carne!
.....................Eliane Caixeta - 02/11/2008

domingo, 4 de outubro de 2009

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Canção do Sonho Acabado



Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras- utopia!
Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver.
Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...
(Cecília Meireles)

Canção



Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedra
se as minhas duas mãos quebradas.
(Cecília Meireles)